Sinto as horas com penitência,
Na madrugada que vi começar
E que se despenha sem clemência.
Comigo.
Sinto as horas com penitência,
Porque não se deixam abrandar
Esmagam-me contra o amanhã.
Mais e mais.
Quero ficar aqui para sempre.
Agora!
Não quero mais lutar,
Olhar, andar em frente…
Cobarde!
Cubram-me para sempre com a noite.
Atem-me a esta hora.
Amanhã,
Ela não estará lá.
Amanhã é hoje.
E cada novo dia,
É uma velha história,
Da mesma apatia
Da mesma inglória.
São três as horas.
E já muito o sono do corpo.
Nenhum o da mente,
Que há muito nem desperta.
E depois acordo.
E vivo,
E converso,
E brinco,
E passeio,
E trabalho,
E leio
E como.
E, nos intervalos,
Ainda tenho de ser feliz.