31 agosto 2009

Cresce a areia na praia,
À medida que os carros torrados da espera
Se enchem de forças químicas e motoras.
E o entusiasmo veraneante,
Abandona a passo ventoso a calma dourada.
Um sol a vermelhar-se enquanto se achega ao mar,
As ondas indiferentes revoltando, rebolando, ressaltando.
E à medida que a paisagem se despe de gente,
Sobra no ar uma omnipresente energia de tudo
De beleza, de força, de Natureza.
A espuma branca que ensurdece como um abraço,
Todo aquele mar, enorme, perdido e entornado por ali fora,
Mal polvilhado de meia dúzia de surfistas.
Resta já só a areia que amacia os meus passos,
A distância, a imensidão infinita.
Infinitos grãos de areia, infinito céu pela galáxia,
Infinito mar até ao horizonte.
E o sol que se aninhou num algodão doce cor-de-rosa
Sumiu-se, levou as gentes, deixou o mar.
E no respeito do momento, do silêncio,
Do mais belo espectáculo do Mundo - sem tigres amestrados,
Restam emocionados os surfistas.
Os únicos que se permitem continuar a ouvir
A divina melodia do pôr-do-sol.

Ontem...

passei mais de uma hora (ou à volta disso) quase parado, num daqueles engarrafamentos que dá para sair e perguntar ao castigado de trás o que é que se passa. Tudo para fazer um daqueles percusos de vinte minutos. Nada de especial... O busílis da coisa, é que todo esse tempo foi passado na 29 de Agosto.
Eu sei que isto tem um significado profundo qualquer. Só ainda não percebi qual.

06 agosto 2009

A Science publicou um estudo português



Parece que (até porque isto dos estudos, é como os computadores, cada dois meses sai um novo), a sujeição do cérebro ao stress crónico provoca alterações neurológicas que desenvolvem áreas do cérebro responsáveis por comportamentos rotineiros e habituais e diminuiem as responsáveis pela capacidade de adaptação a novas situações.

Muito giro. Assim, numa (muito) livre adaptação psicosociológica (palavra tão interessante quanto incompreensível que descobri hoje), tal estudo pode ser facilmente comprovável: em geral as pessoas sujeitas a grandes níveis de stress acabam por deixa passar a vida em actividades habituais (trabalhar, pagar a renda, ir a correr para casa, fingir que dormem duas horas) e esquecem-se do resto (e resto aqui, é obviamente o “resto” que fica depois de bem peneirar a terra lamacenta do filão). São incapazes de analisar as alterações que a sua vida vai sofrendo (envelhecem, os filhos crescem, os sonhos escapam-se). Entretanto tiram férias ou reformam-se e têm ataques cardíacos.