07 fevereiro 2009

Nandiazar

A Ignorância Humana sempre foi um dos grandes argumentos do divino. Na idade média, o magnetismo; hoje em dia, curas milagrosas de doenças ex-fatais. A ciência vem, paulatina e lentamente, cerceando tais opções, embora as grandes questões continuem insondáveis - na verdade, mesmo muitas das pequenas...


De entre as questões que parecem permanecer imunes ao charme da compreensão humana, a das origens é das mais interessantes. A origem do Universo, a origem da Vida, a origem da Compreensão. A religião cristã encontra muitas vezes aí um reduto, face às derrotas que foi sofrendo, com o heliocentrismo, a teoria da evolução das espécies (em bom rigor, também ganhou argumentos, quando a mesma ciência prova que toda a vida terrestre é baseada em ADN, isto é, que dos sapos aos padres, temos todos a mesma base).


É até algo perturbador assumir a impossibilidade (actual?) de compreender certos fenómenos. Supostamente, no começo do Universo, não havia nada. E depois deu-se o Big Bang. Como conceber este nada? Esta anti-existência, situação abstracta e desconfortável? De onde veio e como? Reparem que, ao contrário de qualquer resposta, a dúvida é permanente - e permanece imperturbável, face a qualquer verdade ou mentira: somos resultado de uma experiência que correu mal num acelerador de partículas de uma outra civilização. E quem a criou? Qual a sua origem?... E se não ouve princípio? O Universo sempre existiu, não há momento inicial. Muito bem, se não teve um início, de onde veio, como apareceu?...

O nada é de facto perturbador para a mente. Conseguimos enquadrá-lo e dar-lhe um nome, mas concebê-lo? Imaginá-lo? Se o Universo é tudo o que existe, o que está por fora? Nada! E se alguém lá for, o que lhe acontece? Não pode lá ir! E o que se vê? Nada!... Será a compreensão humana capaz de absorver estes fenómenos tão incomparáveis à realidade que desde sempre a acompanhou? Será o nada o irónico limite do conhecimento humano?...

O início da vida é igualmente rebuscado, pois que o famoso caldo inicial continua esquivo das caçarolas de laboratórios espalhados por esse planeta fora. A centelha divina tem aqui espaço para crescer. A ciência talvez não.


Por muita ciência que exista hoje, ainda não conseguimos explicar ao coelho o que é o prado (ou sequer a caçarola). Embora muito de nós depositem uma fé inabalável em conceitos como "inteligência" e "lógica", a verdade é que temos uma grande falta de termos de comparação ("outras inteligências", "outras lógicas"). Como saber se, esta nossa inteligência é realmente boa? Como saber do que é capaz?... Não é inimaginável que, por muito sofisticado que seja o cérebro, sendo apenas o resultado do caos e da evolução (e não um objectivo divino), não tenha capacidade para entender tudo aquilo que gostaríamos. Não é inimaginável que, tal como o coelho não pode pensar, os humanos ainda que pensantes, não consigam realizar essa tarefa tão mais satisfatória e omnisciente que é nandiazar. 

02 fevereiro 2009

À terceira é de vez?...

Esta menina , é uma re-reincidente!!!!
:-)





Agradecimentos com muito atraso, como vai sendo praxe.
(E redistribuições, como sempre, encralacadas. Os meus prémitos estão ali diariamente alinhados do lado esquerdo :-) )

01 fevereiro 2009

Leve, levezinho

Passo ante passo
Se faz o caminho.
Momento a momento,
Balançando o sossego,
Despindo o medo.
No meio da pista,
O segredo se conta,
Sussurrando aos gritos,
Partilhando o infinito.
Sou eu, sou eu.
Estou aqui, cheguei,
Anda ver, vamos dançar,
Vamos os dois festejar!
E a noite passa e não te largo,
É um sorriso irritante,
É o meu abraço.
Mais tarde amanhece,
O Sol aparece,
(estava tudo combinando).
Pomos os dois a mesa,
Lavamos a loiça.
(Quem sabe?
Talvez alguém trabalhe.)
E não há cupidos e setas,
Poemas nem borboletas.
Há eu e tu e tu comigo,
Há beijos, e este suave viver,
Todos os dias são nossos,
Somos os dois nós.
Viver e amar,
Amar e viver.
A alegria de perceber,
Que o Evereste foi bonito de subir,
Mas hoje é no sopé,
Que plantámos nossa casinha.
Aqui e ali.
Amar e ser feliz.