Cresce a areia na praia,
À medida que os carros torrados da espera
Se enchem de forças químicas e motoras.
E o entusiasmo veraneante,
Abandona a passo ventoso a calma dourada.
Um sol a vermelhar-se enquanto se achega ao mar,
As ondas indiferentes revoltando, rebolando, ressaltando.
E à medida que a paisagem se despe de gente,
Sobra no ar uma omnipresente energia de tudo
De beleza, de força, de Natureza.
A espuma branca que ensurdece como um abraço,
Todo aquele mar, enorme, perdido e entornado por ali fora,
Mal polvilhado de meia dúzia de surfistas.
Resta já só a areia que amacia os meus passos,
A distância, a imensidão infinita.
Infinitos grãos de areia, infinito céu pela galáxia,
Infinito mar até ao horizonte.
E o sol que se aninhou num algodão doce cor-de-rosa
Sumiu-se, levou as gentes, deixou o mar.
E no respeito do momento, do silêncio,
Do mais belo espectáculo do Mundo - sem tigres amestrados,
Restam emocionados os surfistas.
Os únicos que se permitem continuar a ouvir
A divina melodia do pôr-do-sol.