26 dezembro 2009

Da égide do encantamento

Numa destas últimas tardes – contando entre as vividas, apenas as sentidas – assisti, no meu costumado e nunca acostumado pôr-do-sol, a uma cor de estreia – ou à estreia de uma cor, se vos for mais conveniente.

Era vermelho.

Mas não era um vermelho “Coucher du soleil” (de marca francesa, como qualquer lápis de cor deve ser). Era diferente e único. Queria comunicar sentimentos e transmitir emoções. Não era apoiado e distante. Nem alaranjado e fugente. Não tinha as belas características sempre inenarráveis, nem as qualidades que as palavras apenas invejam a descrever – e que deslumbram os fins de tarde dos privilegiados.

Era um vermelho translúcido. Como se depois de morder o anzol, tivessem mandado pintar o céu em tons de aguarela, e a luz naquelas nuvens de arte, se houvera transfigurado em artífice vitralista.

Era um vermelho vitral. E fez-me sentir que estava na falésia do conhecimento, um passo além…

5 comentários:

Anónimo disse...

Pois que bem que fica um pôr de sol de quase fim de ano!

nando disse...

Não era ainda bem (nem mal...) fim de ano...
("contando entre as vividas, apenas as sentidas")
;-)

Margaret disse...

lindo :)

eva disse...

Digamos que gostei bastante destas tuas "outras linhas de prosa"... :)

nando disse...

Alguém+ neste mar de gente: obrigadus, ehehe :-)

Eva: eu também... tenho tido tão pouco tempo para me dedicar a juntar umas palavritas...
:-)