29 dezembro 2009

Porque um poema também sofre

Quando no peito, uma dor amarga devagarinho,
Qual azia de corações vomitados… não fossem apenas um.
E desmente as rimas metrificadas com despeito.
Sem respeito; Sim… Sem respeito.
E quer gritar, mas as linhas nem tremem,
E quer fugir, mas as letras tão-só jazem.
Ao sentir nas narinas o apaziguador odor da cicuta,
Lança-se, desprende-se, deixa-se levar na torrente das palavras,
Rosto abaixo, pintalgado de sal sofrido e sulfuroso.
É nesses momentos,
em que o lábio treme e o olho brilha,
em que sentimos o que eu escrevi,
que o poema é nosso.
Porque partilhamos a sua dor.

5 comentários:

Anónimo disse...

O poema é nosso, por isso o explicamos aos outros.

nando disse...

:D
Hmmm... não é não. Essa é parte da beleza. Oferecer os "filhos" ao Mundo e deixá-los crescer (e rezar, rezar muito para que corra tudo bem, claro!)...

Anónimo disse...

Pois continuo a não acreditar nisso... Os poemas são mensagens em código. Estou certa de que o autor quererá que no seu poema se leia a sia intensão. Mas, enfim... eu não sou poeta.

nando disse...

Isso é a cientista a falar...
;-)

Claro que quem escreve tem sempre uma mensagem a transmitir. Mas será que o M.Mason me pode realmente impedir de achar as suas músicas românticas?... Eu sempre achei piada aos autores que contam aquela experiência de alguém lhes vir contar como determinada obra lhes tocou imenso, por isto e por aquilo... e essencialmente por uma míriade de razões que nunca passaram pela cabeça do autor.

Se a ideia fosse só transmitir a mensagem, usava-se linguagem bem mais técnica. Com conceitos denotativos e sem ambiguidades (com fracções e equações bem medidas!!!).
Quando a matéria são as emoções, quem pode realmente dizer "o que quero que tu sintas é isto"?...
;-)

Anónimo disse...

Sim, neste sentido concordo. Eu tenho-me insurgido é contra aquela poesia que usa todas as palavras "difíceis" do dicionário, misturadas das formas mais estranhas, dando origem a frases de um desatino poético tal que nelas podes ler tudo o que tu quiseres, ou absolutamente nada. São poemas vazios de mensagem e contexto. São armansos literários de quem joga com as palavras como eu jogo com os movimentos aquáticos. Detesto esta poesia. Não me choca nada que aches o M. Mason "romântico". Mas estou certa de que jamais me dirás que ele canta Fado, certo? Conheces-lhe o estilo e entendes as suas letras.
Como na música. Aqui há dias ouvi uma pequena música de um compositor japonês que me remetia para um cenário de funeral, contrariamente a outro ouvinte que dizia que a música o apontava mais para o estado Zen. Isto é a interpretação do fenómeno artístico. Ambos percebemos, contudo, que havia lógica na composição musical.
Aqui há dias li um poema de um amigo da blogosfera. Gostei muito do poema. Falei com o autor sobre o poema. Havia entendido perfeitamente a mensagem que ele fazia passar, mas o que me fez gostar mesmo do poema foi o facto de ele me remeter para um cenário engraçado, que nada tinha a ver com a mensagem do autor. Ou seja, li, PERCEBI e senti.

Ai, que grande coment... sorry...