31 agosto 2009

Cresce a areia na praia,
À medida que os carros torrados da espera
Se enchem de forças químicas e motoras.
E o entusiasmo veraneante,
Abandona a passo ventoso a calma dourada.
Um sol a vermelhar-se enquanto se achega ao mar,
As ondas indiferentes revoltando, rebolando, ressaltando.
E à medida que a paisagem se despe de gente,
Sobra no ar uma omnipresente energia de tudo
De beleza, de força, de Natureza.
A espuma branca que ensurdece como um abraço,
Todo aquele mar, enorme, perdido e entornado por ali fora,
Mal polvilhado de meia dúzia de surfistas.
Resta já só a areia que amacia os meus passos,
A distância, a imensidão infinita.
Infinitos grãos de areia, infinito céu pela galáxia,
Infinito mar até ao horizonte.
E o sol que se aninhou num algodão doce cor-de-rosa
Sumiu-se, levou as gentes, deixou o mar.
E no respeito do momento, do silêncio,
Do mais belo espectáculo do Mundo - sem tigres amestrados,
Restam emocionados os surfistas.
Os únicos que se permitem continuar a ouvir
A divina melodia do pôr-do-sol.

11 comentários:

Anónimo disse...

O por-do-sol. O por-das-férias. :(

Explica-me este verso: A espuma branca que ensurdece como um abraço,

Eu e a poesia...

eva disse...

É bem verdade: os surfistas disfrutam bem até ao último minuto!...

PS. Este poema foi feito no engarrafamento? ;)

Margaret disse...

exactamente a hora que eu gosto de estar na praia :) descreveste-o deliciosamente... quase que posso sentir a serenidade do momento em que o bolício se agita noutro sítio que não ali...

Anónimo disse...

Terra chama nandinho. Alô, alô... zzzzzzz...

nando disse...

Su:
"A espuma branca que ensurdece como um abraço" faz uso desse recurso estilístico, tantas vezes abusado e esquecido, que, no mundo literário, é usualmente conhecido como "grande confusão". Tentou o autor ali confundir a segurança transmitida pela paisagem e sonoridade das ondas, com a segurança sentida num abraço. E em seguida, medi-la com uma escala bem adequada à grandeza de uma onda (neste caso, optou-se pela escala do volume de som). Mas, Su, a ti, como leitora assídua, deixo-te fazer a interpretação que quiseres! A sério. Eu, na grandeza poética que me caracteriza, dou liberdade interpretativa a todos os leitores. Assim, um pouco à laia do Rei do Principezinho, "ordeno-te que te sentes", "ordeno-te que te levantes", "ordeno-te que interpretes como achares melhor"... ;-)

Eva:
hmmmmmm... porquê? pareceu-te muito engarrafado?

Alguém+neste mar de gente:
Cada vez que ali estou não consigo evitar uma repetida tentativa de explicação para toda a gente se vir embora pouco antes. Enfim, depois da acabar a minha explicação sobre a vida e o Universo, talvez me dedique a isso... obrigado pelo "deliciosamente"... ;-)

Anónimo disse...

Ora, eu já era uma abusadora. Agora, pelo menos, tenho a tua autorização ;)

Às vezes é bom saber o que sente o poeta quando escreve o poema!!!

nando disse...

Mas ser uma abusadora autorizada tem outro nível, não é verdade?
;-)

Anónimo disse...

Verdade verdadinha!

Esqueci-me de dizer que adorei o recurso "grande confusão" :) ;) Assim sendo, já não me sinto tão mal com o que vou escrvendo. Ihihihih...

nando disse...

Sabes que aqui no meu blogue a liberdade poética é rainha. Há liberdade criativa absoluta! Os meus "novos" recursos estilísticos são apenas mais um (bom!) exemplo! ;-)

eva disse...

Há um selo
no meu blogue!
Podes ir lá
se quiseres vê-lo!

(tentativa de rima...)

nando disse...

:-)
ihih
Um selo?
Onde será que me leva?...

:-)