22 dezembro 2008

A poetisa

Enfeitiça as palavras em versos,
E rima-as em significados,
Como sentimentos cinzelados,
Como adornos natos.
Não é um poeta,
nem uma poeta.
Mas dança com eles desde
que a História se escreve.
Porque também ela a escreveu.
Porque também ela a sentiu.

É poetisa.
É a beleza do poema na mão da artista.
É a obra como antecedência.
É a origem do corolário.
É mãe?
É caneta, às vezes pincel.
Canta com doçura,
Com amargura.
Sangra nas palavras
E faz-nos sentir
A nossa própria alma
Nas palavras que ela escreve
E nós vivemos.
E, de vez em quando,
Somos nós os seus poemas.

Nesta Natal, a minha prenda, eu quero que seja, a minha agenda (tralará, tralará...)

«- Estive a pensar no que te ia oferecer este Natal e simplesmente não sei...
- ...
- Por isso, a tua prenda este ano sou eu.
- hmm!?
- Sou a tua prenda de Natal. Levas-me contigo para debaixo da tua árvore?...»


Um Natal divertido para todos os leitores deste blogue (os outros já se divertem bastante!)!
:-)

Como é reconfortante acreditar (e a teoria restrita da gulodice religiosa)


Desta vez não venho trazer nenhuma novidade. Enquanto preparo a minha explicação existencialista de resposta a todos pd problemas filosóficos mais prementes da Humanidade, fui instado, em amena "e-cavaqueira", a discorrer sobre religiões e credos. Ficam assim, desta feita escritas na língua do Poeta, as concretizações cujas origens já por aqui jazem em inglês.

"O Tesouro" é um Best Seller que ainda não li. Tal como não conheço, na devida profundidade, a maior parte das religiões humanas. Do que conheço porém, são várias as perplexidades que invariavelmente se repetem (sendo, claramente a maior, a da universalidade do "fenómeno"). Uma perplexidade invariável, entre outras mais prosaicas, provém da sua "gulodice".

Há uma frase de que gosto bastante: "where there is a will, there is a way". Penso que é disto que trata "O Tesouro". Uma verdade aparente, simples e condicionada (como tudo na vida) que um livro pretendeu, com gulodice, transformar num paradigma universal, tornar ilimitada. A gulodice religiosa é isso mesmo: pretender que uma invenção cultural, geograficamente e temporalmente localizada pode ser transformada em axioma universal.

Assim é que, por exemplo, quando pegamos na maioria das prescrições bíblicas (e judaicas?, muçulmanas?), lhes encontramos um sentido e uma grande mais-valia... Que naturalmente perdem ao ser erigidas como perfeitas, e divinas. Quando se lhes pretende dar esse sabor que falta a tudo o que é feito por mãos humanas. Das coisas mais banais, como circuncidar as crianças (evitando imensas infecções, face à falta de higiene do tempo), banir a carne de porco (igualmente muito propensa à transmissão de doenças); às mais sérias, como o não matarás, não roubarás. A importância que lhes damos revela essencialmente da necessidade que temos dessas proibições hoje em dia. Pouca para as primeiras, num Mundo industrializado, cheio de antibióticos e controlos alimentares; a mesma para as segundas... (Seria igualmente interessante tentar perceber, por exemplo, como o mandamento da fidelidade conjugal, essencial à economia dos primeiros cristãos, é hoje tão (clandestinamente) maltratado.) É assim que, conselhos sábios, transformados em mandamentos bíblicos, caem no ridículo.

Uma das criações mais pacificadora encontra-se no "Deus escreve certo por linhas tortas", ou no Oriente, o famoso karma. Ambos nos reconfortam imenso, explicando que as coisas más que nos acontecem hão-de se revelar providenciais, ou são expiações de culpa de vidas anteriores. Ambos nos prometem que as boas acções serão recompensadas. Nos três casos - junte-se aqui "O Tesouro" - a tese é que, podemos controlar o incontrolável. Assim se ultrapassa uma das limitações mais essenciais do ser humano: a incapacidade nata de lidar com o incontrolável. Claro que há um fundo de verdade. O doente com cancro optimista tem muito mais possibilidade de se curar que o pessimista. O nosso sistema imunológico reage negativamente a um desgosto emocional, pelo que a motivação, a fé, o optimismo, a auto-confiança, são sempre elementos importantes da equação. Mas quando se pretende que basta ter muito vontade para ser ou ter o que quer que seja? Aí já é a gulodice religiosa... porque, afinal de contas, todos os os miúdos com 16 anos querem ter o cabelo do Cristiano Ronaldo (quem sabe quantos com muito mais força que o famoso número sete).

(A minha primeira) explicação da Vida, do Universo e de Tudo

Ao contrário da resposta que obterão se perguntarem ao Google, a resposta não será 42. É verdade - pasmem-se os mais incrédulos!, mas -  nem sempre o Google tem todas as repostas.

O texto de hoje não trará aliás, qualquer explicação, mas somente avisos e considerações. A primeira é que os meus 28 anos me permitem ter mais dúvidas e questões, que explicações comprovadas e indubitáveis - ou até, quem sabe, certezas improváveis e opiniões acérrimas (... "próprias da idade").

Desde já adianto igualmente que esta primeira aproximação a uma explicação é simples, banal e não traz novidades. A complexidade, as questões e a ponderação terão lugar mais presente nas necessárias consequências, nas demonstrações, em resumo, nas ramificações. Por elas aguardaremos. E claro, por divergências e confluências. E talvez quem sabe, até por uma segunda explicação - corrigida e muito aumentada.

E provavelmente surgirá, igualmente por consideração às críticas dos leitores, em pequenas doses - i.e., na medida moderna de um blogue.

12 dezembro 2008

São pedras, são lixo,
São os restos do dicionário,
Palavras vazias, insípidas,
Despejadas folha abaixo,
Rebolando e também caindo,
Quebrando-se em mil pedaços,
Despedaçando-se.
Chorando.

Sem a graça da flor que brota
Ou o brilho do arco-íris.
Sem calor. Sem um sorriso.
Não aquecem o coração,
(Nem o reconhecem)
Não abraçam o significado,
Não o sentem.
São palavras sem sentido,
Lançadas à rua,
Perdidas na vida,
Na folha
No papel.
São as letras de um poema
Que a vida não salgou.
São as cantigas amadas
E sentidas.
São as vidas.
São as vidas.

08 dezembro 2008

(inspirado pelo André Sardet...)

Letras batidas, frases esquecidas
Por trás de um ecrã, a sorte,
De ser quem é, ou se finge,
Nas palavras lançadas do Norte
Ao povo, à plebe, ao blog.

De um coração perdido,
Por erros e caminhos repetidos.
Muralha construída é carcaça
Peso morto que protege
Peso morto que persegue.

Sente-se a menina,
Nas certezas fingidas,
Pressente-se mulher
Nas inseguranças assumidas.
E é bela por baixo da pele.
Mas a pele é grossa como o Mundo
Que tanto a cortou e magoou.
Que tanto a desabraçou.

Terás, mulher, em ti o segredo
De voltar a ser menina?
Terás, menina, em ti a força
De crescer e ser mulher?

Reincidência

Parece que sim...
Obrigadus! :-) (atrasadus)



Desta nina !