A Ignorância Humana sempre foi um dos grandes argumentos do divino. Na idade média, o magnetismo; hoje em dia, curas milagrosas de doenças ex-fatais. A ciência vem, paulatina e lentamente, cerceando tais opções, embora as grandes questões continuem insondáveis - na verdade, mesmo muitas das pequenas...
De entre as questões que parecem permanecer imunes ao charme da compreensão humana, a das origens é das mais interessantes. A origem do Universo, a origem da Vida, a origem da Compreensão. A religião cristã encontra muitas vezes aí um reduto, face às derrotas que foi sofrendo, com o heliocentrismo, a teoria da evolução das espécies (em bom rigor, também ganhou argumentos, quando a mesma ciência prova que toda a vida terrestre é baseada em ADN, isto é, que dos sapos aos padres, temos todos a mesma base).
É até algo perturbador assumir a impossibilidade (actual?) de compreender certos fenómenos. Supostamente, no começo do Universo, não havia nada. E depois deu-se o Big Bang. Como conceber este nada? Esta anti-existência, situação abstracta e desconfortável? De onde veio e como? Reparem que, ao contrário de qualquer resposta, a dúvida é permanente - e permanece imperturbável, face a qualquer verdade ou mentira: somos resultado de uma experiência que correu mal num acelerador de partículas de uma outra civilização. E quem a criou? Qual a sua origem?... E se não ouve princípio? O Universo sempre existiu, não há momento inicial. Muito bem, se não teve um início, de onde veio, como apareceu?...
O nada é de facto perturbador para a mente. Conseguimos enquadrá-lo e dar-lhe um nome, mas concebê-lo? Imaginá-lo? Se o Universo é tudo o que existe, o que está por fora? Nada! E se alguém lá for, o que lhe acontece? Não pode lá ir! E o que se vê? Nada!... Será a compreensão humana capaz de absorver estes fenómenos tão incomparáveis à realidade que desde sempre a acompanhou? Será o nada o irónico limite do conhecimento humano?...
O início da vida é igualmente rebuscado, pois que o famoso caldo inicial continua esquivo das caçarolas de laboratórios espalhados por esse planeta fora. A centelha divina tem aqui espaço para crescer. A ciência talvez não.
Por muita ciência que exista hoje, ainda não conseguimos explicar ao coelho o que é o prado (ou sequer a caçarola). Embora muito de nós depositem uma fé inabalável em conceitos como "inteligência" e "lógica", a verdade é que temos uma grande falta de termos de comparação ("outras inteligências", "outras lógicas"). Como saber se, esta nossa inteligência é realmente boa? Como saber do que é capaz?... Não é inimaginável que, por muito sofisticado que seja o cérebro, sendo apenas o resultado do caos e da evolução (e não um objectivo divino), não tenha capacidade para entender tudo aquilo que gostaríamos. Não é inimaginável que, tal como o coelho não pode pensar, os humanos ainda que pensantes, não consigam realizar essa tarefa tão mais satisfatória e omnisciente que é nandiazar.
De entre as questões que parecem permanecer imunes ao charme da compreensão humana, a das origens é das mais interessantes. A origem do Universo, a origem da Vida, a origem da Compreensão. A religião cristã encontra muitas vezes aí um reduto, face às derrotas que foi sofrendo, com o heliocentrismo, a teoria da evolução das espécies (em bom rigor, também ganhou argumentos, quando a mesma ciência prova que toda a vida terrestre é baseada em ADN, isto é, que dos sapos aos padres, temos todos a mesma base).
É até algo perturbador assumir a impossibilidade (actual?) de compreender certos fenómenos. Supostamente, no começo do Universo, não havia nada. E depois deu-se o Big Bang. Como conceber este nada? Esta anti-existência, situação abstracta e desconfortável? De onde veio e como? Reparem que, ao contrário de qualquer resposta, a dúvida é permanente - e permanece imperturbável, face a qualquer verdade ou mentira: somos resultado de uma experiência que correu mal num acelerador de partículas de uma outra civilização. E quem a criou? Qual a sua origem?... E se não ouve princípio? O Universo sempre existiu, não há momento inicial. Muito bem, se não teve um início, de onde veio, como apareceu?...
O nada é de facto perturbador para a mente. Conseguimos enquadrá-lo e dar-lhe um nome, mas concebê-lo? Imaginá-lo? Se o Universo é tudo o que existe, o que está por fora? Nada! E se alguém lá for, o que lhe acontece? Não pode lá ir! E o que se vê? Nada!... Será a compreensão humana capaz de absorver estes fenómenos tão incomparáveis à realidade que desde sempre a acompanhou? Será o nada o irónico limite do conhecimento humano?...
O início da vida é igualmente rebuscado, pois que o famoso caldo inicial continua esquivo das caçarolas de laboratórios espalhados por esse planeta fora. A centelha divina tem aqui espaço para crescer. A ciência talvez não.
Por muita ciência que exista hoje, ainda não conseguimos explicar ao coelho o que é o prado (ou sequer a caçarola). Embora muito de nós depositem uma fé inabalável em conceitos como "inteligência" e "lógica", a verdade é que temos uma grande falta de termos de comparação ("outras inteligências", "outras lógicas"). Como saber se, esta nossa inteligência é realmente boa? Como saber do que é capaz?... Não é inimaginável que, por muito sofisticado que seja o cérebro, sendo apenas o resultado do caos e da evolução (e não um objectivo divino), não tenha capacidade para entender tudo aquilo que gostaríamos. Não é inimaginável que, tal como o coelho não pode pensar, os humanos ainda que pensantes, não consigam realizar essa tarefa tão mais satisfatória e omnisciente que é nandiazar.
8 comentários:
"A Ignorância Humana sempre foi um dos grandes argumentos do divino."
Eu sei que o plágio é crime, mas há coisas que vale a pena plagiar. Gosto desta frase. Gosto desta ideia. Não garanto que não a repita.
Su: não te preocupes... Eu não conto ao autor original! eheheh
;-)
nada de novo aqui? Hum, andas a advogar...
Su: tenho de me entreter enquanto não consigo nandizar. ;-)
Escrevi um texto enorme para comentar este post e acabei por me lembrar de uma coisa que em tudo resume a minha ideia(e em verso!): O lirismo do teu cepticismo acaba/
involuntariamente, por te trair/ Na rectidão que tanto desejas transmitir....
Hmmm..ok talvez não tenha sido o meu melhor verso - poeticamente falando - mas tu percebes onde eu quero chegar :P
Olha, olha! Um grasshopper!!! (ehehe :P)
O meu cepticismo não é lírico, caríssima! Aliás... nem é cepticismo, pelo menos no sentido comum dessa palavra, de cepticismo científico - e com o qual me pretendes intimidar... ;-)
Mas devo então concluir que achas que sou demasiado lírico para ser céptico?... lol :P
Nem mais! :D
Mas olha que não... olha que não... lol
;-)
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