Um dia, o macaco apercebeu-se que era macaco. O dia da tomada de consciência superou em importância qualquer tomada de posse presidencial da super-potência em voga na cultura contemporânea. A partir daqui o macaco não parou de progredir. Apercebeu-se que ele existia e era diferente dos outros macacos. Que os outros macacos também existiam. Da macaca! E claro, apercebeu-se que estava vivo. O que foi naturalmente motivo de festa.
A festa da vida foi a grande alegria da consciência. Infelizmente, traria também alguns dissabores. No final do dia, no rescaldo da excitação, um dos macacos tropeçou e caiu em cima de uma pedra inconsciente. O golpe foi fundo e os macacos souberam que também morriam.
As primeiros tribos de macacos conscientes trouxeram em si o veneno que os extinguiria - e que hoje chamamos doença do novo milénio, "depressão". No dealbar da consciência, o macaco deprimia a cada contingência, ao ser confrontado com a sua mortalidade, a sua natureza precária, a sua fragilidade. E para quê? Como perceber estes sentimentos enormes e avassaladores? Como ficar contente ao nascer do sol, se o macaco da tribo rival decidir experimentar o novo osso na nossa cabeça? Ou como celebrar o churrasco, se o pitéu tiver morrido de um envenenamento tóxico? Porque o macaco de então não conhecia a esperança. Olhando para o que via, ele não encontrava um sentido. Vivia, morria. Qual o significado? Quanto vale uma vida? Uma pedra que se desfaz? Uma árvore que seca? E depois da consciência, veio a depressão. E a morte.
Por esses dias, o proto ser humano foi iluminado com a capacidade de explicar. Ele passou a ser capaz de encontrar consequências. De saber que a um acto se segue uma reacção. E assim tudo estava justificado, explicado. E o que a ignorância escondesse seria uma acção do "Desconhecido", do "Outro", do "Grande". A explicação universal para todo o desconhecido havia nascido. E com ela, o primeiro anti-depressivo, tomado, obviamente, por antecipação. Antes dos sintomas. E quando o proto-humano tomou consciência de si, ao contrário do macaco deprimido, não desistiu à primeira morte. Ele não desesperou à primeira derrota. Porque havia um sentido. O proto-humano tinha um propósito. O proto-humano era capaz de superar as desvantagens da consciência e isso levá-lo-ia ao domínio do planeta. Ele tinha consigo a "explicação universal" de tudo, inclusivamente de si mesmo.
A festa da vida foi a grande alegria da consciência. Infelizmente, traria também alguns dissabores. No final do dia, no rescaldo da excitação, um dos macacos tropeçou e caiu em cima de uma pedra inconsciente. O golpe foi fundo e os macacos souberam que também morriam.
As primeiros tribos de macacos conscientes trouxeram em si o veneno que os extinguiria - e que hoje chamamos doença do novo milénio, "depressão". No dealbar da consciência, o macaco deprimia a cada contingência, ao ser confrontado com a sua mortalidade, a sua natureza precária, a sua fragilidade. E para quê? Como perceber estes sentimentos enormes e avassaladores? Como ficar contente ao nascer do sol, se o macaco da tribo rival decidir experimentar o novo osso na nossa cabeça? Ou como celebrar o churrasco, se o pitéu tiver morrido de um envenenamento tóxico? Porque o macaco de então não conhecia a esperança. Olhando para o que via, ele não encontrava um sentido. Vivia, morria. Qual o significado? Quanto vale uma vida? Uma pedra que se desfaz? Uma árvore que seca? E depois da consciência, veio a depressão. E a morte.
Por esses dias, o proto ser humano foi iluminado com a capacidade de explicar. Ele passou a ser capaz de encontrar consequências. De saber que a um acto se segue uma reacção. E assim tudo estava justificado, explicado. E o que a ignorância escondesse seria uma acção do "Desconhecido", do "Outro", do "Grande". A explicação universal para todo o desconhecido havia nascido. E com ela, o primeiro anti-depressivo, tomado, obviamente, por antecipação. Antes dos sintomas. E quando o proto-humano tomou consciência de si, ao contrário do macaco deprimido, não desistiu à primeira morte. Ele não desesperou à primeira derrota. Porque havia um sentido. O proto-humano tinha um propósito. O proto-humano era capaz de superar as desvantagens da consciência e isso levá-lo-ia ao domínio do planeta. Ele tinha consigo a "explicação universal" de tudo, inclusivamente de si mesmo.
2 comentários:
adorei a história! a depressão mata os macacos... genial!
Com jeitinho, ainda a transformo na História.
;-)
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